19 agosto 2008

Onde está o dinheiro?

Bom dia pessoal,

Tenho uma personalidade curiosa e inquisitiva, e talvez por isso esse viés de querer 'ver' aquilo que não está na superfície.

A leitura de vários veículos, grande parte fora do país, e juntando peças aqui e acolá, acabei por desenvolver uma visão particular sobre o que aconteceu com a enorme liquidez e disponibilidade de dinheiro existente no mercado até pouco tempo atrás.

Muitos aqui devem se lembrar das postagens sobre carry trade.

Pois uma avaliação simples do quadro atual, mostra forte inversão desse mecanismo, com muita gente forte nos mercados cambiais tendo que absorver perdas decorrentes da deterioração financeira principalmente do mercado Americano e alguns países Europeus, decorrentes da múltipla securitização de débitos imobiliários além do que seria suportável.

O dinheiro que até o momento em que a bolha estourou era barato e acessível, sumiu do dia para a noite, assustado com a avalanche de más noticias.

Nesse interim, grandes potências financeiras (bancos, fundos hedge, etc.) se viram forçadas a descortinar suas transações com créditos imobiliários, escrevendo em seus balanços perdas efetivas que já somam mais de U$ 500 Bilhões.

Como praticamente nenhum player saiu ileso da orgia em que havia se transformado o mercado, muitas dessas instituições descobriram que haviam passado do limite de solvência.

A única solução possível, enquanto o Tio Sam não aparece pra salvar a bacia das almas, foi a subscrição de quantidades imensas de recursos por parte dos controladores, resultando em dois efeitos imediatos:

  1. A diluição do capital dos acionistas minoritários
  2. A percepção de que dividendos desses empresas não devem ser esperados nos próximos anos. Primeiro é preciso sobreviver, arrumar a casa e se tudo der certo, poder retomar as atividades normais.
Na mesma proporção que o carry trade movimentou algo entre U$2 e U$3 Trilhões, as análises até agora dimensionam o buraco criado pela bolha imobiliária entre U$1,5 e U$2 Trilhões.

Os títulos possuem vencimentos em datas diferentes relativas ao período em que foram lançados e ao prazo de maturação que foi atribuído.

Quando esse vencimento se aproxima, o emissor precisa honrar seus créditos, resgatando o título e pagando o 'maturity'.

Há no mercado hoje uma previsão de que entre Agosto e Dezembro desse ano, vencem U$ 200 Bilhões de títulos desses créditos, os quais se não forem resgatados precisam ser rolados, ou seja, relançados.

Com a situação de risco atual onde não estão imunes nem as estrelas de primeira grandeza e como o dinheiro novo anda caro e escasso, estimo que uma parcela significativa desses recursos será originada pela liquidação de investimentos estrangeiros que ainda se encontram além-mar.

Para aqueles sem sorte, o caminho que sobra é a cessão dos créditos por fração do valor de face. Os primeiros negócios começam timidamente a pipocar aqui e ali.

Não adianta criar ilusões, o quadro realmente não é animador, mas como tudo na vida, após a tempestade, sempre vem a bonança, o mundo não acaba com as crises. Pelo menos não para todos.

Sempre haverá alguém na espreita, aguardando sua vez na cadeia alimentar. É uma regra da sobrevivência, seja no mercado financeiro, seja na natureza, a vida acaba se repetindo.

O caçador de hoje, atende pelo nome de SWF, mais detalhes aqui.

Eles já estão mostrando os dentes, enquanto aguardam o momento apropriado para o bote.

Apesar da metáfora, não há dúvidas, hoje somente eles possuem os recursos disponíveis para 'virar' a tendência.

Somente eles possuem força compradora suficiente para movimentar os mercados em escala global.

É tudo uma questão de preço e 'timing'.

Mais uma vez, apenas meus dois centavos.

Bom dia a todos!

[]'S

DrFox

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